Dentro de um saia-casaco madrepérola, escolhido pela mãe, Deolinda parecia ter ainda menos que os cento e cinquenta e cinco centímetros que lhe haviam sido concedidos. O facto de estar descalça, não ajudava.
Tinha pousado o bouquet de jacintos e malmequeres – rodeados de hera por todos os lados – na mesa e estava sentada, a soprar para a testa. Parecia indiferente à má disposição do Conservador.
– Bom, parece que agora estamos todos. Podemos dar inicio à cerimónia.
Esbaforido, o noivo entrou na sala e atirou com os avós para as primeiras cadeiras vazias que encontrou. A sala era pequena mas, com tão poucos convidados, parecia vazia. Joaquim tinha tentando convencer Deolinda a deixá-lo convidar os amigos apenas para a cerimónia, algo que ela prontamente rejeitou:
– Como se eu acreditasse que, depois, aquela cambada não se ia fazer ao almoço à borla… – e acrescentou com um silvo: – Cambada…
Deolinda não tinha amigos para convidar. Durante os anos de escola esteve sempre demasiado preocupada em ter as melhores notas – o que conseguiu – e, quando terminou a faculdade, em arranjar um emprego que não lhe exigisse muito esforço. O que, na área da programação informática, se veio a revelar inexistente. Assim, deixou um emprego aliciante e bem pago numa multinacional, para ajudar os pais na loja de animais.
Joaquim ficou muito hirto no meio do corredor, a sorrir. Passou a mão pelo gel do cabelo e ajeitou o nó da gravata, que depressa voltou à posição original. Um tufo de pêlos espreitava por entre os colarinhos, quando ele avançou lentamente na direcção da noiva. A marcha nupcial fez-se ouvir na instalação sonora da sala Cristal.
17 comentários:
isto ainda vai avcabar mal
os avós vão dizer algo que...
cambada...
yaya
abrazo serrano
Estas cenas de um casamento prometem! não deixarei de acompanhar!
Mau sinal dado por ela.
Então os amigos do marido ficam de fora?!
Estes casamentos são muito complicados!... O Joaquim entra na sala, deposita os avós e vai para o corredor... talvez para fingir que vai entrar a seguir?... Mas não costuma ser a noiva que entra depois do noivo?... Cambada!...
-Crime!
disse ela, acrescentando:
-...deixar assim a historia a meio!! Nem o Capuchinho Vermelho alguma vez na vida foi tão intervalado!! :)
Será que ele foi para o corredor temendo que a ex-namorada, uma tal de Carla Soraia, que morava num quarto alugado ali para os lados da Av.Londres,tivesse descoberto o casório?
;)
Rui, só agora reparei nas fotos!
:)
-de Barcelona não tens o telhado de La Pedrera? Eu não tenho :( mas para mim são dos mais belos! Fica para a próxima ;)
Beijinhos
pois aqui a cena está ao contrário, a noiva entra primeiro... e nem se atrasa. demasiada pressa???
e com tanto capítulo isto assim é uma tortura
Não sei se isto vai acabar bem...
Do tipo, casaram e foram felizes para sempre...
Abraço e cá fico à espera
Estou a gostar muito do conto.
Fico na expectativa do casamento!
Bj
oh my god!!
pêlos a sair do colarinho!?
coitadinho, já não lhe bastava o nome...!?
:))
Li as 5 partes de uma assentada e já vou de papinho cheio (vantgens e desvantagens de ausências prolongadas).
Com tanto tempo de espera de certeza que já cresceu o cabelo à Deolinda o que lhe permitirá fazer um penteado mais apropriado à ocasião. Em alternativa o Joaquim também pode arranjar uma noiva mais apropriada ... :)
Só ouvi esta última música, não conhecia e gostei. Do conto, claro que gostei muito mais :)
beijinhos
à espera, ansiosamente ;)
até aqui, muito bom.
E ainda bem :)
Bem... os casamentos são sempre cá um pincel...!
Excepto para os que vêm comer à borla, bem entendido...
Um abraço
... ainda a procissão vai no adro!!
Olha lá mais acima disse que gostei , não muei e opinião entretanto e lá vou eu outravez
(o raminho parece-me ser bonito, vou vers e descubro porque raio estava descalça)
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