Despertou-o o aroma esquecido da excitação. Pelas frestas, o dia começou a esgueirar-se para o quarto e ele deixou-se ficar de olhos fechados, muito quieto, para não quebrar o fio condutor da memória.
Duas coisas sempre foram iguais nos dias de visita de estudo: as noites mal dormidas, passadas em febril antecipação, e os queques de mel que a mãe sempre fazia pela manhã, bem cedo, e lhe colocava, ainda quentes, na lancheira.
Comeu um queque na Sala dos Capelos, no Convento de Mafra, na Capela dos Ossos, no Navio-Escola Sagres, nas Portas do Sol, no Portugal dos Pequeninos, nas Linhas de Torres…
Hoje, dia da primeira visita de estudo do novo ano lectivo, sorri ao sentir a mãe na cozinha e delicia-se com o perfume que lhe chega dos queques a cozer no forno. Desta vez, contudo, são duas as diferenças: tinha dormido tranquilamente e, agora, ia na visita como professor.
Embrulhado nos lençóis, sentiu um enorme amor pela mãe.