sexta-feira, outubro 14, 2005

A Primeira Pessoa

A primeira pessoa sou eu. Não fiquem já a pensar que é egocentrismo ou mania das grandezas da minha parte, trata-se, tão somente, do tempo verbal. Eu. Primeira pessoa do singular.

Preciso falar do Eu. Não de mim, do Eu.

Neste Blog tenho misturado sem grandes preocupações a realidade com a ficção. O Eu com o Ele. Eu com o narrador. Por vezes no mesmo texto.
Estou com isto porque por vezes dou por mim, a meio da escrita, a pensar se quem vai ler o texto consegue fazer a distinção entre, precisamente, a realidade e a ficção. É que eu tenho a teoria (não comprovada), de que quem lê um texto acaba sempre por se interrogar, conscientemente ou não, se aquilo que o autor colocou perante si é verdade ou não, ou melhor, que parte daquilo é realidade e que parte é ficção.
Coloco-me a questão: devo fazer alguma para separar inequivocamente as águas, ou nem por isso?
Se calhar isto para a maioria das pessoas não interessa nada, mas a verdade é que tem sido uma coisa mais ou menos recorrente para mim desde que comecei a publicar este Blog. Penso e penso e, após pensar mais um bocadinho, encontro-me exactamente no ponto de onde parti.

Nesta minha volta completa sobre o circulo que constitui o meu pensamento sobre o assunto, sensivelmente por volta do grau 280, quando começo a avistar a casa-partida*, acho sempre que a falta de resposta significa que não vale a pena perder mais tempo com o assunto, que tenho de deixar as coisas como elas estão – pelo menos por agora, o que não quer dizer que daqui a uns tempos não se faça luz e eu encontre uma solução.
Assim sendo, as coisas vão continuar como estão; escrevo conforme sair. Caberá pois ao estimado leitor (e estimada leitora, está bom de ver), preocupar-se com isso se tiver pachorra: se quando uso a primeira pessoa sou mesmo eu, a realidade, ou se uma coisa não implica a outra.
Façam vocês esse caminho. Espero, sinceramente, que não seja circular. Se ao fim de algum tempo derem por vocês no mesmo sitio, recebam a massa na casa-partida e abandonem o exercício. Não vale a pena, eu só o faço por entretenimento (ou será por hábito? Hábito de estar sempre a pensar, de ter que ter sempre algo que me mantenha o espírito ocupado? Pelo sim pelo não, acho que vou comprar um livro do Su Doku, pode ser que me distraia).

Constato agora que voltou a acontecer. Começo a falar de uma coisa e acabo longe. Olho para trás e não vejo como aqui cheguei. Para a próxima vou atar um fio no titulo e não o vou largar.

E é isto que vos queria dizer. Terá sido realidade ou ficção? Decidam vocês.


Nota final
: quando eu era rapaz novo, tive um período da minha vida em que joguei muito ao Monopólio com o meu amigo Daniel. Lembro-me que me fazia espécie o raio do sitio de onde se partia chamar-se casa-partida. Se todas as outras estavam inteiras, porque diabo era aquela partida? Nunca tinha confessado esta minha parvoíce, nem mesmo aquelas pessoas que só em adultos descobriram que aquela ladainha das crianças que lança uma corrida é “partida, LARGADA, fugida” e não “partida, LAGARTA, fugida”. Confessem lá, também eram desses que metiam ali uma lagarta a despropósito e nunca tinham pensado nisso?

(esta nota final é assumidamente realidade)!

13 comentários:

Anónimo disse...

eheheheh mais uma vez acabo de ler o teu post com um sorriso grande. Beijinhos Vizinho ;) (VizinhaDaPortaAoLado)

Anónimo disse...

ehehhehe ser ou nao ser eis a grande questão. quantas vezes me coloco a mim essa questao, realidade? ficção? e agora ainda outro problema, a realidade virtual? ehhehehehe
sempre achei q quem escreve coloca sempre mt de si, nem que sejam só pensamentos e sonhos.
tu ainda tens uma vantajem, colocas no papel sonhos, pensamentos e vivencias com que muitos se identificam. como eu gosto de te ler!
beijos da ss

Maria Liberdade disse...

As coisas que descubro de ti ao fim de tanto tempo... Acho que sempre que se escreve há sempre um bocadinho de nós nas personagens, às vezes as que somos, as que queriamos ser, as que não queriamos ser, as que são aqueles que nos rodeiam, as que quequeriamos que sejam os que nos rodeiam. Que os outros saibam ou não distinguir ficção da realidade não será o mais importante. O mais importante é que escreves muito bem, coisas que nos tocam a todos que nos fazem pensar, sorrir e até chorar. Continua...gostei de (te) encontrar este blog.

Anónimo disse...

Eu tenho esse receio e até pavor se alguém ler o que escrevi, pode logo associar isto ou aquilo a esta ou aquela pessoa.
Outras que escrevo, que até me arrepio só de me lembrar, ainda pensam que sou algum psicopata ou alguém que trabalha a carrascão e entremeada :), é por estas e por outras que me fecho a 4 chaves e deito a ultima fora.
Quanto a ti Primeira Pessoa, fazes muito bem e parabéns pela coragem de exorcizares os teus eu´s reais e imaginários

Um Abraço

Vanessa disse...

É um facto, que já me questionei se o que escreves é ficção ou (foi) realidade.
É um facto, que euzinha só sei escrever sobre o que sinto na hora em que escrevo e por isso parto do principio que os outros fazem o mesmo(só costumo falar do que sinto, aliás). O que não quer dizer que exclua a hipótese de nem todos serem como eu.
É um facto, que acho que escreves bem, seja realidade ou ficção.

É um facto, que eu metia uma LAGARTA na casa de partida :P

jinhitos

PS: (não entendi o que querias dizer no blog da ladybug)

Vanessa disse...

PS(2): (Play Station 2, portanto)

Querias mesmo dizer 280º ???

Vanessa disse...

PS (3): (Pois...)

Gostava de ler o miguinho X, para conferir se o que ele diz é verdade ;) (jinhito pa ti)

Rui disse...

V, sim, a ideia é que quando chegas por alturas do grau 280, já começas a ver o 360 lá ao fundo... ou seja, começas a perceber que estás outra vez no mesmo sitio. São umas imagens que me passam pela tola, não ligues.
PlayStation: o comentário no sitio da Lady dos Bugs foi uma palermice minha, como é habitual, ela estava a falar dos Kukos e eu deixei lá uma mensagem para a Kuka... parvoices.

Anónimo disse...

Realidade ou Ficção...
Who Gives a shit???
O que interessa é o resultado e esse, meu caro, é muito bom...
Ao fim ao cabo, somos todos feitos de realidades e de ficções...

virilão disse...

è pá....eu sou um bocadinho mais lento...agradecia que colocasses um asterisco quando és mesmo tu o eu. É que pode o teu eu, fazer confusão ao meu eu e eu pensar que podes não ser tu e afinal seres mesmo tu. Ups também já estou a chegar aos 280,290º...
Eu ao menos não me preocupo com o que os leitores vão achar...já sei que vão malhar uns nos outros..nada como ter clientes antigos

Raquel Vasconcelos disse...

Eu tento partir do princípio q são apenas histórias... pq senão cou contra um outro princípio que é: "por favor nem tudo q escrevo sou eu... não precisam de me consolar..."

Sara MM disse...

Pois eu, a partir de agora não acredito em mais nada!!!!!!!!!

Que giro!!!! Pensava que era mesmo Lagarta, mas realmente nunca consegui perceber porquê.... pudera!!
Sempre a aprender... mas como não tens menos 10 anos que eu até faz sentido ensinares alguma coisa :oP

BJS

viveremsegredo disse...

eu falo sempre na primeira pessoa...