Tinha sido um galho de árvore e agora, com um fio atado a uma das extremidades, era um galho de pesca. Segurava-o pela ponta oposta à do fio, um rapaz sem idade segura nem aparência significativa. À beira-rio, tal presença, não deixava esclarecer se estava mais à pesca ou mais a passar o tempo.
Passou por ele um cão que, já depois de se ter afastado, voltou atrás e se espojou ao seu lado, ficando a olhar o bocado de corda que entrava na água suja junto ao colector. Viam-se os lombos escuros das taínhas às voltas e adivinhava-se o frenesim em que elas estavam, a vasculhar o que a cidade ali despejava. O rapaz já não pescava, observava o saco de ossos coberto de pêlo e mazelas depositado ao seu lado. Ele sempre soubera que há como estar pior, agora, via com os seus olhos. Ou talvez não. Atirou o pau ao Tejo e levantou-se. O cão olhou-o como quem pergunta o que se estava a passar. Anda daí, fez o rapaz com a cabeça. Sei de supermercado que deita fora uns restos de talho que vais apreciar. Já não falta muito. Não fiques aí deitado, anda. Se não percebeu tudo tal-e-qual, o canídeo disfarçou bem, que se levantou e foi atrás.
o cão, veio daqui, o rapaz, anda por aí
Passou por ele um cão que, já depois de se ter afastado, voltou atrás e se espojou ao seu lado, ficando a olhar o bocado de corda que entrava na água suja junto ao colector. Viam-se os lombos escuros das taínhas às voltas e adivinhava-se o frenesim em que elas estavam, a vasculhar o que a cidade ali despejava. O rapaz já não pescava, observava o saco de ossos coberto de pêlo e mazelas depositado ao seu lado. Ele sempre soubera que há como estar pior, agora, via com os seus olhos. Ou talvez não. Atirou o pau ao Tejo e levantou-se. O cão olhou-o como quem pergunta o que se estava a passar. Anda daí, fez o rapaz com a cabeça. Sei de supermercado que deita fora uns restos de talho que vais apreciar. Já não falta muito. Não fiques aí deitado, anda. Se não percebeu tudo tal-e-qual, o canídeo disfarçou bem, que se levantou e foi atrás.
o cão, veio daqui, o rapaz, anda por aí
11 comentários:
:)
:) :)
gostei desse rapaz.
... rapaz esperto, esse, que de um galho de árvore fez um galho de pesca e na solidão-solidão ganhou um cão-saltitão. Aposto e não falho: não foram ao talho, que este era o cão que tramou o Simão e o rapaz sem idade era o da publicidade.
(acho que me baralhei o suficiente.)
Os cães sâo verdadeiros artistas...
a nos perceber...
Um abraço
... a cidade está cheia de lixo
em pacotes, a céu aberto, no rio, na zona ribeirinha e nas praças mais nobres
também humano
o rapaz pelo menos encontrou um objectivo: - dar de comer ao cão -
boa! já tenho título para o próximo post
:)
Olhem este sitio absolutamente delicioso para se desenhar, "desabafar" e descontrair :o)
Percebi que não é preciso sabermos desenhar bem para ilustrarmos ou "escrevermos" o que nos vai na alma através do desenho...E às vezes é bem mais fácil desenharmos o que nos vai na alma em..."silêncio"
E podem sempre adicionar o desenho ao vosso blog ou enviá-lo por e-mail a alguém.
www.sketchtag.com - visitem - vale mesmo a pena! Divirtam-se!
Até breve.
;O)
Lyra
rui,
lembrei-me agora de vir aqui reclamar, bom reclamar será um pouco 'pesado'... é que o teu link do olhares não funciona! ;)
Devem ser as válvulas que estão frias... frapé. As imagens querem sair e não podem.
A ver se vejo... isso. Obrigado.
Aqui fica o link (é uma galeria moribunda):
http://olhares.aeiou.pt/Fading
Hoje, ao referir-me a um casamento degradado, saiu-me: "Eles vivem sozinhos um com o outro"
Prefiro solidão a dois...
... eu digo-te uma coisa Rui (e acho que não me engano muito): a Lélé anda a fazer uma cadeira de filosofia.
... não anda, não senhor... quanto muito, andava a fazer um banco e, mesmo assim, só o tampo!...
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