segunda-feira, setembro 12, 2005

A Boleia - 3ª e Última Parte

- Fica à vontade – disse Paula, desaparecendo por um pequeno corredor.
A sala estava pouco iluminada, um sensor tinha ligado a luz à sua entrada. A decoração revelava bom gosto. Todo o mobiliário privilegiava a simplicidade e a sofisticação. Duas grandes janelas permitiam ver parte da cidade e uma grande mancha escura não muito longe. Monsanto. Despiu o casaco que largou numa cadeira.
- Queres beber alguma coisa? – perguntou ela do local onde estava, sem se deixar ver.
- Na verdade, o que me apetecia mesmo era água.
Silêncio.
Apareceu pouco depois, já sem casaco. Trazia um copo de água e uma base que colocou numa pequena mesa, em frente ao sofá. A base tinha a foto de um farol e, escrito a verde, The Lizard Peninsula.
- Talvez seja da cerveja que bebi ao jantar, o álcool seca-me um pouco a garganta.
- Oh, pensava que era eu que te provocava essa secura.

Ele tinha as palmas das mãos húmidas. O ritmo cardíaco disparou. Sentiu mais uma súbita subida de temperatura.
Paula aproximou-se, tirou-lhe o copo da mão e posou-o na mesa, fora da base.
- Eu sei que mexo muito contigo – disse, usando um tom de voz que soou apenas como um sussurro; como se lhe estivesse a falar ao ouvido.
Ia dizer qualquer coisa, mas Paula colocou-lhe o indicador direito nos lábios. – Não digas nada.
Passou-lhe o dedo pelo queixo, foi-o baixando pelo pescoço, colarinho e deteve-o na gravata, pouco antes do local onde o externo termina. Fez uma perpendicular para a direita e colocou o dedo no mamilo.
Ambos tinham acompanhado aquele lento movimento do dedo com o olhar. Aquela unha arranjada, pintada de vermelho escuro, estava a fazer efeito nele.
Ao descrever um circulo à volta do mamilo, ela olhou-o nos olhos. Enfrentou-a. Já não o intimidava, apenas a queria possuir. E muito.
Paula apertou-lhe o mamilo entre o polegar e o indicador e mordeu o seu próprio lábio. Ele semi-cerrou os olhos e abriu ligeiramente a boca, deixando escapar um “ahh” abafado.
Continuavam a fitar-se, mas ele agora parecia não vê-la, apenas a sentia.
Ajudou-o a tirar a gravata e a despir a camisa.
Aproximou os seus lábios aos dele, tocando-lhes ao de leve. Tocou-lhes com a língua. O corpo dele foi percorrido como que por uma descarga eléctrica que o fez estremecer de alto a baixo. Beijaram-se. Ela continuava a apertar-lhe o mamilo.
Até então ele tinha mantido as mãos ao longo do corpo, sem vida, impassíveis, numa postura rígida. Aquele beijo como que o despertou. Toda a rigidez do corpo se concentrou no seu sexo. Colocou as mãos na cintura dela e puxou-a para si.
Ela afastou um pouco a cabeça para trás e com a mão esquerda afagou-lhe a face. – Quero-te muito.
As línguas entrechocaram-se novamente com sofreguidão. Ela passou-lhe uma mão pela nuca, revoltando-lhe o cabelo e colocou a outra nas nádegas, apertando-o. Soltou a sua boca da dela e procurou-lhe o pescoço. Separaram-se por momentos. Ela ofegava, o peito movimentando-se contra o dele. Fitava-o. Incitava-o com o olhar.
Puxou-a de novo para si e beijou-a no pescoço. Percorreu a distância entre o ombro e a orelha dela com a língua, mordiscou-lhe o lóbulo.
Tinha agora uma mão por baixo do cabelo dela, junto à face a com a outra sentia o peito dela, por cima da camisa. Sentia-a arfar junto do seu ouvido, soltar pequenos gemidos de prazer.
Com um movimento rápido, passou-lhe as mãos para a cintura e fê-la rodar, colocando-a de costas para si. Instintivamente, ela tentou voltar à posição inicial. – Não, fica assim – pediu ele.
Durante alguns segundos não lhe tocou, deixando-se ficar a contemplar o corpo dela mexendo-se ao ritmo da sua respiração, a apreciar o desenho das suas costas, os pequenos sinais que ela tinha. A sentir o seu cheiro.
Encostou-se a ela e colocou-lhe uma mão na barriga e a outra por cima do peito. Paula sentiu o sexo dele, duro.
- Eu quero isso.
- É teu.
Beijou-lhe novamente o pescoço, agora do outro lado. Ela deixou descair a cabeça ligeiramente para trás, num gesto de entrega total. – Adoro isso.
Tirou-lhe a camisa para fora da saia e começou a desabotoa-la, sem nunca parar de a beijar. A camisa de cetim encarnado caiu a seus pés, revelando um soutien também encarnado.
Ela pegou-lhe nas mãos e colocou-as por cima do soutien. Sentiu-lhe os mamilos duros.
Beijava-lhe agora as costas, fazendo-a arrepiar-se à medida que lhe ia passando a língua ao longo da coluna. Abriu-lhe o fecho da saia que caiu após um ligeiro movimento de ancas de Paula.
- És tão bonita.
Contemplava-lhe o rabo que o fio dental deixava ver na totalidade. Usava meias de vidro pretas que terminavam nas coxas.
Passou-lhe as mãos pelas pernas, por cima das meias e pelo rabo. Subiu de novo e desapertou-lhe o soutien. Devagar, muito devagar, deixando-a algo impaciente. Aquela falta de controlo que sentia, ao tê-lo atrás dela, sem o ver, sem lhe poder tocar como queria, desesperava-a um pouco mas, acima de tudo, excitava-a muito.
Ele parecia saber algo que ela não conhecia; algo que ainda não lhe tinha sido revelado. Apesar de, aparentemente, ser ela quem teria algo a ensinar, os papéis estavam invertidos. Ela sempre tinha desconfiado disso.
Apesar do pouco contacto que tinha com aquele colega, havia algo na presença dele, na maneira como a olhava - e que ela fingia não notar -, que lhe dizia que aquele homem lhe poderia mostrar algo de novo sobre si própria, proporcionar-lhe novas sensações.
Não se tinha enganado.

Deixou que ele lhe baixasse as cuecas e deu dois passos. Virou-se e adoptou uma pose de forcado antecipando a investida do animal. Sorriu-lhe.
Aproximou-se dela, sem pressa. Demonstrava segurança absoluta. Apesar de todos os seus medos e inseguranças, ali, naquele momento, nada disso existia; sabia o que queria e o que fazer.
Pegou-lhe na mão. – Vem. Levou-a para o sofá onde a deitou.
Beijou-lhe os lábios, o queixo, o pescoço, os ombros, o peito, as mamas. Paula gemia. Agarrada com uma mão ao cabelo dele a ao sofá com a outra, contorcia-se com a antecipação. De olhos cerrados, pedia mais.
Beijou-a na barriga, meteu-lhe a língua no umbigo. Passou-lhe as mãos pelas coxas. Estava agora entre as pernas dela que por vezes o apertavam, outras se afastavam, esperando-o, convidando-o a entrar.
- Quero-te… fode-me…
- Ainda não…

Com a língua afastou-lhe os grandes lábios, tocou-lhe ao de leve, apenas com a ponta no clitóris, o que fez Paula arrepiar-se de prazer. – Carlos…
Ele hesitou. Levantou a cabeça e viu o rosto de Paula iluminado. Era evidente o prazer que sentia. A entrega era total.
Avançou com a mão direita para as mamas dela, apertando-lhes ligeiramente os mamilos. Concentrou-se de novo no sexo dela, lambendo-o, devagar, sentindo o gosto dela, contrariando a vontade que lhe sentia em ser penetrada.
- Carlos… por favor…
- Não – respondeu-lhe ele com voz ofegante mas calma -, quero que te venhas primeiro…
Paula ergueu o corpo numa contracção, ficando apenas apoiada nos pés e omoplatas.
Avançando com a mão, ele colocou o indicador e o dedo médio nos lábios de Paula, que os sorveu, chupando-os.
Percorrendo o corpo de Paula no sentido inverso com os dois dedos juntos, foi misturando a saliva com o suor do corpo dela.
Penetrou-a lentamente com eles ao mesmo tempo que lhe lambia e chupava o clitóris.
Agarrada ao sofá, Paula sentia um tremor percorrer-lhe o corpo. Tinha pequenas convulsões de prazer e não demorou a sentir um orgasmo a subir pelas suas entranhas. Empurrou-se contra a mão dele.
- Venho-me…
Continuando os movimentos compassados com que a ia penetrando, subiu até perto dela e segredou-lhe: - Vem-te na minha mão. E beijou-a.
Paula ergueu-se novamente, agarrou-se ao braço dele, soltou uma longo gemido e deixou-se cair, de olhos fechados, mordendo o lábio. Arfava.

Demorou um pouco a recompor-se. Ele ficou ao seu lado, a olha-la. Só agora reparava nas pequenas sardas que tinha nas maçãs do rosto. Num sinal por cima do lábio. Beijou-a ternamente. Achava-a muito bonita.
Afastou-lhe alguns cabelos da testa e com isso como que a despertou.
- Agora é a minha vez – disse-lhe ela sorrindo enquanto se sentava em cima dele. Passou-lhe as mãos pelo peito, usou as unhas para lhe fazer sulcos na pele.
Com ele sentado no sofá, Paula deixou-se escorregar pelas suas pernas abaixo. Sentiu o sexo dele com a mão por cima das calças. Lentamente, desapertou-lhe o cinto, fitando-o, provocando-o. Percebia a vontade que ele tinha de libertar o sexo e brincava com isso.
- Paula, não sejas assim…
- Assim como?
- Tem piedade…
- Ah, afinal o menino também sofre…
Descalçou-o e tirou-lhe as calças, deixando-o de boxers. O volume era notório. Acariciou-o. Ergueu-se e beijou-lhe os mamilos ao mesmo tempo que desabotoava o botão dos boxers. Introduziu a mão, movimentando-a ritmadamente. No momento em que ele ia soltar um grito de prazer, não o deixou dizer nada, colando os seus lábios aos dele.
Beijou-o seguidamente nas virilhas, o que o fez esticar o tronco e ficar com pele de galinha. Sem esperar, Paula passou a língua pelo sexo dele. Com uma mão nos testículos, abocanhou-o, apertando-o com os lábios.
Ele contorceu-se sem conseguir controlar o movimento. Ela sorria, enquanto o masturbava. Sugou-o de novo. Passava-lhe a ponta da língua de alto a baixo e depois fazia-o desaparecer dentro de si, o que o forçou a puxá-la para si. Não queria perder o controlo.
Paula sentou-se de novo ao seu colo. Com os joelhos apoiados no sofá e as mãos nos ombros, Paula deixou-se penetrar. Baixando-se lentamente, sentia cada milímetro dele a entrar em si. Abraçou-o. Tinha descoberto uma pequena cova na curva que ligava o pescoço ao ombro e o efeito que provocava nele quando lá passava a língua. Atacou esse ponto fraco.
Os corpos suados movimentavam-se ao mesmo ritmo. Como um só. As mãos eram usadas para sentir a vibração do corpo do parceiro, para traçar um mapa de cada curva, de cada local de maior prazer. Estavam ambos dominados por sensações absolutas. Cada estremecimento de um era acompanhado por um estremecer do outro.
Após algum tempo, pegou-lhe ao colo e, sem se separar dela, deitou-a no sofá. Colocou-lhe as mãos no rabo e, elevando-a ligeiramente, continuou a possui-la assim.
Paula, que até então tinha estado agarrada ao sofá, ergueu uma mão na direcção dele. Puxando-o para si. Ele beijou-lhe os mamilos. Novamente corpo contra corpo bastou uma troca de olhares para ambos saberem. Beijaram-se.

Observava-a há já largos minutos, a dormir tranquilamente, virada para si. Beijou-lhe o ombro, deixou a cama e vestiu-se. Tinha reparado que ela deixara as chaves de casa numa pequena mesa junto à entrada. Tinha tido uma ideia. Saiu.
Num pequeno jardim em frente apanhou um malmequer.

Retirou uma folha de um bloco que estava junto ao telefone e voltou ao quarto. Paula continuava a dormir, serena.
Escreveu apenas o seu número de telemóvel. Ia assinar mas, no momento em que encostou a caneta ao papel, deteve-se. Colocou o malmequer e o papel na sua almofada e deixou o apartamento.

Era cedo. O sol não tinha ainda rompido a névoa daquele início de dia. Arrepiou-se.
Ao caminhar para o carro tinha um sorriso estampado no rosto.
João era um homem feliz.



4 comentários:

Anónimo disse...

Adorei... nunca saberemos o q aconteceu no dia seguinte ;)
LD

Anónimo disse...

nhac nhac

Anónimo disse...

... pois... eu bem tinha dito :-) hehehehehehe, ainda pensei que ela em vez de adormecer o atira.se pela varanda ou algo do genero, hehehe, mas afinal naõ era assim tão fria, agora ... imagino o resto da história do João e da Paula, taditos quem diria que
trabalhar até tarde faz isto, hehehehe, será recompensa ?!
Gostei muito Rui :-) Beijinhos da Jaqui.

Anónimo disse...

Aposto que o Carlos vai ser aumentado e despedido.
Muito bom, gostei.
Abraços